Autoridades brasileiras investigam se a Rússia tem utilizado o Brasil como uma espécie de “incubadora” para a formação de espiões, segundo reportagem do jornal norte-americano Wall Street Journal. O que aconteceu: A investigação teria sido desencadeada após a prisão de dois supostos espiões russos na Noruega e na Holanda, e a identificação de um terceiro no Rio de Janeiro, que está desaparecido.
O homem preso pelas autoridades norueguesas teria obtido uma certidão de nascimento falsa na cidade de Padre Bernardo (GO). O outro suspeito preso foi detido no ano passado quando supostamente tentou se infiltrar no Tribunal Penal Internacional, em Haia, na Holanda, como estagiário. O homem está no Brasil e enfrenta acusações de espionagem nos EUA.
Segundo a reportagem, os investigadores brasileiros forneceram poucos detalhes públicos sobre a investigação, mas acreditam que mais agentes secretos com identidade brasileira falsa podem estar no país ou ao redor do mundo. Os EUA avaliam a prisão dos dois supostos agentes como uma oportunidade para uma eventual troca entre prisioneiros. Um dos presos que poderia ser beneficiado é o repórter do Wall Street Journal Evan Gershkovich. O jornalista é acusado de espionagem, mas tanto o jornal quanto o governo dos EUA negam.
Quem são os suspeitos? O homem preso na Noruega se chama Mikhail Mikushin, e foi detido em outubro do ano passado. Segundo a reportagem, o suspeito trabalhava como pesquisador na Universidade de Tromsø, na Noruega, sob a identidade brasileira de José Assis Giammaria, e já havia passado anos em universidades no Canadá sob esse mesmo pseudônimo. A certidão de nascimento do suposto espião russo diz que ele nasceu em novembro de 1984, filho de um empresário italiano naturalizado brasileiro e de uma funcionária escolar carioca. As autoridades brasileiras estariam tentando confirmar o que aconteceu com o verdadeiro José Assis Giammaria. Um funcionário disse acreditar que Giammaria era uma pessoa real que agora está morta.
De acordo com a reportagem, o suspeito preso na Holanda se chama Sergey Cherkasov. Ele teria utilizado uma identidade falsa em nome de Victor Muller Ferreira. O Brasil estaria lidando com cobranças de extradição do homem tanto dos EUA quanto da Rússia. O suspeito de espionagem cumpre pena no Brasil de 15 anos de prisão por usar documentos falsos.
Paulo Ferreira, advogado que representa Cherkasov, disse que seu cliente admitiu o uso de documentos falsos, mas negou que seja um espião russo. Em março, os EUA indiciaram Cherkasov acusando-o de entrar ilegalmente no país com a identidade falsa e agir como um agente russo enquanto participava de um programa de pós-graduação em Washington.
á a Rússia pede sua extradição alegando que ele é um traficante de drogas.
Fonte: UOL