s técnicas de investigação criminal são muitas, mas neste post vamos abordar 5 técnicas que consideramos importante para o sucesso de uma investigação criminal.
A investigação criminal é um tema que intriga e aguça a imaginação das pessoas. Mas, a nossa imaginação é também um campo fértil para nos contaminar com falsas teorias. Daí a importância do estudo sobre o tema.
Na investigação criminal, o investigador deve traçar uma teoria para desenvolver hipóteses que venham possibilitar, por exemplo , a antecipação de novas diligências, que apontem a uma direção, ao próximo passo a ser dado dentro da investigação.
Um dos principais objetivos das técnicas de investigação é a coleta de dados e indícios de um crime, por exemplo, e por conseguinte identificar e reunir a prova da materialidade delitiva. Ou seja, a existência real do acontecimento.
Então, a primeira técnica de investigação que vamos abordar é a técnica do raciocínio por indução.
RACIOCÍNIO POR INDUÇÃO
O método de raciocínio por indução consiste em chegar a uma conclusão, por exemplo, por meio de uma operação mental, que estabelece uma verdade indiscutível, com base no conhecimento de determinados dados.
Hoje em dia, após diversos estudos aprofundados a respeito do assunto, sabemos que não existem duas impressões digitais idênticas — sendo assim, atualmente, essa afirmação, esse estudo de que não existem duas impressões digitais idênticas, trata-se de uma verdade inquestionável.
Com base nesta informação, o investigador é induzido à uma conclusão. Que conclusão? De que aquela impressão digital encontrada naquele objeto no local do crime pode pertencer ao autor do delito. Olha ae o método do raciocínio por indução! Entendeu o que é raciocínio por indução?
RACIOCÍNIO POR DEDUÇÃO
Não se deve confundir dedução com indução. O método anterior, raciocínio por indução apesar das palavras serem parecidas, o contexto é diferente.
A dedução também é outra técnica de investigação criminal importante de apuração no trabalho de investigação, que ocorre por meio do raciocínio também.
O método de dedução consiste em relacionar um acontecimento comprovado, ou, tido como verdadeiro, a um fato observado na investigação, possibilitando uma conclusão.
Vamos a um exemplo:
Um assassinato que ocorre durante uma festa em que estavam presentes por volta de 50 pessoas no momento do crime.
De todos os indivíduos que se encontravam no local quando ocorreu o homicídio, é do conhecimento de todos de que pelo menos 5 pessoas tinham algum tipo de problema com o homem que foi assassinado.
Assim, por dedução, é possível supor, DEDUZIR, que o assassino esteja entre essas 5 pessoas, e focar a investigação criminal nos desafetos da vítima, pois deduz-se, que esses indivíduos tinham mais chances de cometer o crime.
TÉCNICA DE ENTREVISTAS E INTERROGATÓRIO
Existem diversas técnicas que são utilizadas em entrevistas e interrogatórios, mas o que é fundamental, é conhecer o perfil criminal do suspeito para entender como o interrogatório deve ser realizado.
Então, nesse momento, é importante lembrar que o interrogatório acontece quando o suspeito, ou está sob custódia do Estado, e a polícia tenta conseguir a sua confissão com relação à autoria de um delito. Ou se está sendo entrevistado por um investigador particular em atendimento ao provimento 188/18 da OAB que trata da investigação criminal defensiva. Por isso, o ideal é analisar o sujeito e utilizar a técnica que mais se encaixa em seu perfil.
Existem algumas ferramentas essenciais para que seja realizado um interrogatório ou entrevista satisfatória, como por exemplo, evitar que o suspeito tenha contato com outras pessoas antes de ser entrevistado ou interrogado, para que ele não seja influenciado e tenha a sua fala comprometida.
Para utilizar a técnica ideal, é importante analisar se o suspeito é ligado ao lado racional ou emocional, se ele tem algum transtorno ou doença, se conta com alguma debilidade física ou intelectual. Todos esses itens são importantes para a preparação do ambiente e do momento do interrogatório, da entrevista.
Vamos a um exemplo:
Se os policiais sabem que o criminoso é uma pessoa organizada, é interessante que a sala em que o interrogatório vai ser realizado esteja bagunçada. De forma que o suspeito se sinta desconfortável e cansado, e esse estresse pode torná-lo mais propenso a falar, até porque uma pessoa organizada, se sente mal em ambientes bagunçados, sujos. Geralmente a pessoa vai querer sair o mais rápido possível daquela ambiente e isso pode corroborar para que ela fale algo interessante pra sair logo dali.
TÉCNICA DE HUMANIZAÇÃO
A quarta técnica de investigação é a técnica de humanização. O que é isso?
Dentro de um interrogatório ou entrevista o objetivo é tentar definir a culpa ou inocência do indivíduo, certo?
Nesse momento, o investigador deve tentar criar uma ligação com o sujeito, puxando conversas descontraídas com o objetivo de construir um ambiente livre de intimidação.
Manter uma conversa descontraída pode levar o alvo, suspeito, a testemunha, a se identificar e confiar nas pessoas que são semelhantes a ele, então o investigador pode tentar criar algumas ligações com o entrevistado— como por exemplo, falando que compartilha de algum interesse ou crença, em comum com o sujeito.
Durante essa conversa prévia, que deve ser anterior ao interrogatório em si, o investigador deve analisar as reações (verbais e não verbais) da pessoa, com o objetivo de traçar uma reação comparativa antes que a pressão surja. Porque mais na frente vai ser pressão pura em cima dele.
Depois, em um momento posterior ao interrogatório, a entrevista, o investigador pode utilizar as reações que ele visualizou quando o sujeito falava a verdade, para realizar comparações.
Em geral, quando um indivíduo tem uma recordação, quando a sua memória lhe traz informações do passado, seus olhos se movem para o lado direito — isso é uma manifestação exterior de que o cérebro está ativando o centro de memória.
Já quando os olhos se movem para a esquerda ou para cima, isso costuma indicar que a pessoa está raciocinando sobre algo. Pensando no que falar, por exemplo. Criando cenários.
Nesse momento, o investigador deve estar atento para analisar a atividade ocular do alvo e lembrar-se dela posteriormente para realizar um comparativo entre o comportamento anterior ao interrogatório e o posterior.
Por fim, deverão ser feitas perguntas sobre o fato em questão. Se foi um crime, perguntas sobre o crime. Além disso, o investigador deve fazer uma comparação com as reações iniciais do sujeito para determinar se ele está mentindo ou falando a verdade. Essas reações iniciais estão lá na conversa prévia, antes do interrogatório, lembra?
E assim, quando for perguntado ao sujeito em qual local ele estava na data do crime e a resposta for verdadeira, ele usará a sua memória e, provavelmente, os seus olhos vão se mover para o lado direito.
Se o suspeito estiver mentindo, o seu cérebro estará raciocinando, tentando criar fatos, e os seus olhos têm a tendência de se mover para a esquerda;
Para quem quer se especializar nesta área de entrevistas e interrogatórios é importante fazer um curso na área de estudos de linguagem e expressão corporal.
Expressão corporal é a manifestação de sentimentos ou de sensações internas, tanto quanto de conteúdos mentais, por meio de movimentos representativos ou simbólicos do corpo. A linguagem do nosso corpo é a comunicação não verbal, pois utilizamos gestos,
INFILTRAÇÃO DE AGENTES
A infiltração de agentes é um instrumento de investigação muito utilizado pelas polícias de diversos países para obter um maior grau de eficiência na luta contra a criminalidade.
A técnica de infiltração de agentes consiste numa investigação criminal, onde um agente do Estado (da polícia ou da inteligência) se infiltra em uma organização criminosa, fingindo fazer parte do grupo, com o objetivo de colher informações sobre o seu funcionamento.
Na investigação criminal no âmbito privado, é a mesma coisa, o detetive particular também se utiliza desse meio de infiltração para aproximar-se do alvo, e conquistar sua confiança para levantar informações.
A diferença entre os dois agentes, o policial que representa o Estado e o detetive particular, que atua no âmbito privado, está no fato de que o agente policial precisa contar com prévia autorização judicial. O delegado, o chefe de investigações da delegacia, por si só, não pode autorizar uma operação de infiltração de agentes em organizações criminosas sem autorização da justiça. Dependendo do grau de riscos e do tempo de duração da infiltração na organização criminosa, a justiça pode autorizar o agente policial a utilizar documentos falsos, assumindo uma nova identidade perante a sociedade.
Já o detetive particular não é obrigado a detalhar para a autoridade policial quais estratégias vai utilizar nas suas investigações. Muito menos pedir autorização judicial. Ele só não pode esquecer o que diz o artigo 5º parágrafo único da lei do detetive.
LEI 13.432/17
“Art. 5º O detetive particular pode colaborar com investigação policial em curso, desde que expressamente autorizado pelo contratante.
Parágrafo único. O aceite da colaboração ficará a critério do delegado de polícia, que poderá admiti-la ou rejeitá-la a qualquer tempo.”
Lembrando que o trabalho de infiltração é considerado um trabalho de alto risco e só deve ser executado por investigadores experientes.