Investigação policial X investigação particular: saiba as diferenças

Ambas se complementam, mas não se confundem. Detetives particulares, frequentemente, prestam ajuda fundamental no esclarecimento de crimes

Investigação policial X investigação particular: cada uma tem características bastante específicas. Os investigadores particulares não têm poder de polícia — mas sem a ação deles, muitos casos jamais seriam resolvidos.

Um investigador policial pode se tornar, com certa facilidade, um investigador particular (o contrário é bem mais difícil de ocorrer). Ambos, não raro, perseguem os mesmos objetivos. Portanto, investigação policial X investigação particular não é uma oposição realmente correta.

As funções de ambos os profissionais são complementares. É o que demonstraremos a seguir.

O que é uma investigação policial?

Para entender as principais diferenças entre investigação policial X investigação particular, é importante que se entenda, primeiro, cada uma delas.

Uma investigação policial é aquela que tem por objetivo a resolução de casos que estão na esfera criminal. Aliás, só detetives policiais podem resolver tais casos — ou, pelo menos, declarar que estão resolvidos. Um detetive particular, perante a lei, não tem esse poder.

Um detetive policial trabalha, exclusiva e necessariamente, para a polícia civil de seu Estado. Ele pode:

  • Dar cumprimento a mandados de prisão, de busca e apreensão;
  • Atuar em casos complexos, de origem criminal ou infrações administrativas;
  • Investigar e levar a julgamento casos de estupro, homicídios e tráfico de drogas.

Estas são algumas das atribuições exclusivas de um detetive policial (há outras). O detetive policial tem um mês para levantar provas e encontrar testemunhas dos casos que investiga. Tal prazo, porém, é passível de prorrogação.

Ao tratarmos de investigação policial X investigação particular, percebemos o quanto tais procedimentos são prerrogativas dos investigadores policiais.

Quais são as técnicas de investigação policial?

Para compreender ainda melhor as diferenças entre investigação policial X investigação particular, é necessário que se entenda sobre as técnicas que as caracterizam.

Quando analisamos a metodologia de uma investigação policial, percebemos que as maneiras pelas quais tais investigações se dão são bastante peculiares — não podendo ser de todo repetidas, por exemplo, por investigadores particulares.

Vamos, a seguir, conhecer algumas destas técnicas.

Raciocínio por indução

Temos, aqui, o tão almejado (mas, na verdade, pouco praticado) pensamento lógico.

Desde a Antiguidade, quando a civilização grega nas cidades de Atenas, Esparta, Tebas e outras conceberam a lógica como o melhor caminho para a obtenção de conclusões corretas sobre o mundo e as pessoas que cercam cada um de nós, esta forma de pensamento tem enorme importância.

raciocínio por indução é outro nome para o pensamento lógico. Policiais (ou detetives) civis analisam as pistas encontradas em cada caso para, assim, resolvê-los.

Entrevista e interrogatório

Interrogar um suspeito, confrontando-o com os fatos e até mesmo fazendo acareações (nome que se dá ao interrogatório simultâneo e presencial de duas pessoas cujos relatos são contraditórios entre si), é algo que só um investigador civil pode fazer.

Investigadores particulares, é claro, também podem entrevistar suspeitos, mas apenas informalmente e se tais pessoas aceitarem falar com eles. Em se tratando de um investigador civil, o interrogatório pode ser coercitivo (ou seja, obrigatório) se houver ordem de um juiz nesse sentido.

Infiltração de agentes

Se dá quando a polícia civil chega à conclusão de que a melhor maneira de, por exemplo, desbaratar uma organização criminosa é nela infiltrar policiais que se passem por outros criminosos.

Trata-se de um processo demorado, que pode levar meses e até anos para surtir efeito. Mas foi através da infiltração de agentes que, por exemplo, o FBI (Federal Bureau of Investigation) conseguiu colocar na prisão os principais líderes da Máfia dos EUA.

Investigação particular: quando contratar?

Ao citarmos acima algumas das práticas que só podem ser feitas por policiais civis, percebemos as diferenças existentes entre investigação policial X investigação particular.

Sendo assim, surge a questão: “quando contratar um investigador particular?”.

Vamos respondê-la a seguir.

Custódia dos filhos

É relativamente comum, infelizmente, quando casais se separam, que ocorram desavenças acerca de quem terá a custódia dos filhos menores de idade que eventualmente existam, frutos da relação que chegou ao fim.

Quando esse problema (que não é um caso criminal e, portanto, não está na alçada da polícia civil) se dá, a contratação de um investigador particular se faz necessária — por um ou por ambos os ex-cônjuges.

detetive particular levantará evidências sobre o comportamento, estilo de vida e até sobre a estabilidade emocional do pai e/ou da mãe da criança, visando, assim, fornecer subsídios à Justiça para que decida sobre o assunto.

É claro que tais informações levantadas pelo detetive particular tendem a não ser totalmente isentas (afinal de contas, ele é contratado, e pago, por um dos lados envolvidos na separação), mas nem por isso deixam de ter seu valor em um momento tão delicado como esse.

Investigação conjugal

Quando há suspeitas, por parte do marido ou da esposa, de que esteja acontecendo uma traição conjugal vinda do parceiro ou da parceira, o melhor a se fazer é acionar um detetive particular. Este é outro caso no qual policiais civis não atuam, pois traição conjugal não é crime.

Verificação de antecedentes

Se existe a intenção, por parte de uma empresa, de contratar um indivíduo para que lide com dados delicados e sigilosos da companhia, a melhor coisa a ser feita é uma boa checagem de antecedentes antes que a efetivação da pessoa ocorra.

É quando se faz, novamente, bem-vinda a atuação de um detetive particular.

Fraude de seguros

Lamentavelmente, acontecem com alguma frequência tentativas de fraude em apólices de seguro.

Em especial, nos casos de seguros automotivos e seguros contra roubos em geral. Até mesmo nos casos de seguros contra incêndios em residências esse tipo de procedimento condenável não é raro.

Investigadores particulares são contratados em tais episódios pelas seguradoras para tentarem resguardar seus direitos diante de clientes mal-intencionados.

Pessoas desaparecidas

Investigadores particulares são chamados, com grande frequência, para descobrirem o paradeiro de indivíduos desaparecidos.

São casos bastante complicados. Por mais estranho que isso possa soar, “desaparecer” (no sentido de ausentar-se sem deixar pistas do novo paradeiro) não é ilegal, em princípio.

Mas, ainda assim, claro, trata-se de comportamento extremamente incomum. É por isso que detetives particulares são tão frequentemente chamados em casos assim.

Investigações corporativas

Quando existe a suspeita de que um funcionário ou um sócio de uma empresa esteja atuando de maneira antiética, os serviços de um detetive particular podem se mostrar particularmente necessários. Investigações corporativas são casos nos quais tais profissionais são costumeiramente chamados.

Esses investigadores podem trabalhar juntos?

Sim, podem… e devem.

É falsa a dicotomia entre investigação policial X investigação particular. Ambos os profissionais possuem, tal como dito anteriormente, funções complementares e suas ações ajustam-se e completam umas às outras.

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