As questões ligadas à segurança cibernética são complexas e sofisticadas, e estão em constante transformação. Nos últimos anos, pesquisadores vêm demonstrando a possibilidade de implementação de códigos maliciosos em circuitos integrados (chips) durante a fabricação destes dispositivos. A ameaça, que ficou conhecida como hardware Trojan, vem atraindo a atenção dos governos e da indústria, dado que potencialmente envolve questões de espionagem e guerra cibernética. O problema vem se agravando com a globalização da cadeia de fabricação de circuitos integrados, considerando que são comumente manufaturados fora dos limites dos territórios nacionais, o que implica em perda de controle sobre as etapas do processo. O presente artigo objetiva alertar para a existência da ameaça do hardware Trojan, e discorrer sobre a relevância do tema para a área de inteligência, a partir de breve revisão da literatura relativa ao assunto, na qual utilizou-se, do ponto de vista metodológico, o enfoque meta-analítico. Observa-se que o potencial lesivo do hardware Trojan é preocupante, com ações que incluem vazamento de dados, espionagem, ataques de indisponibilidade, disrupção de sistemas, sabotagem, dentre outras. Trata-se, portanto, de uma questão que precisa ser abordada e gerenciada no âmbito dos governos e, em particular, nos serviços de inteligência.
Biografia do Autor
Gustavo Andrade Bruzzeguez
Servidor público federal, mestre em Computação Aplicada e especialista em Governança de Tecnologia da Informação. É pesquisador na área de segurança cibernética, tendo participado da elaboração da Estratégia de Segurança da Informação e Comunicações e de Segurança Cibernética da Administração Pública Federal, no âmbito do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.
Clóvis Neumann
Doutor em Engenharia, professor e pesquisador da Universidade de Brasília – UnB.
João Carlos Félix Souza
Doutor em Economia, professor do Departamento de Engenharia de Produção – UnB e pesquisador no Programa de Pós-graduação em Ciência da Computação Aplicada – UnB.