Você entra na internet para encontrar um artigo e utiliza o Google para tanto. Depois, envia o artigo para sua nuvem AWS e acessa o LinkedIn para ver tendências no mercado.
Na hora de descansar, pega seu iPhone e faz uma ligação de vídeo pelo WhatsApp para sua amiga. Esse relato é comum a milhões de pessoas e traz na prática a presença das big techs em nosso cotidiano.
Conheça mais sobre as big techs e veja qual é o papel delas na sociedade atual.
O que são as big techs?
Big Techs são as grandes empresas de tecnologia que dominam o mercado. Majoritariamente localizadas no Vale do Silício, elas começaram como pequenas startups, criando serviços inovadores, disruptivos e escaláveis.
Na prática, elas passaram a moldar a forma de trabalho e comunicação das pessoas, caso da Salesforce, bem como os comportamentos dos consumidores.
Nós sentimos a presença dessas gigantes de tecnologia diariamente. Nas redes sociais, nos aplicativos de motoristas, no streaming de vídeo. Basicamente, tudo que envolve inovação vem das big techs. O maior objetivo delas é atender às demandas do consumidor e, com isso, crescer ainda mais.
Para tanto, cada big tech apresenta seus próprios e diversos aplicativos, além de serviços em nuvem em muitos casos. E todas elas trabalham com algo que é ouro atualmente: acúmulo de dados.
Vale uma menção honrosa a algumas das “primeiras big techs”, empresas de tecnologia antigas que superaram crises, inovaram e se mantiveram presentes no mercado mesmo com os novos concorrentes: Nokia (fundada em 1865), IBM (1911), Samsung (1938), HP (1939) e Sony (1946).
As Big Five
O domínio do mercado de tecnologia atualmente envolve 5 gigantes de tecnologia que são referências em inovação. Juntas, somaram quase US$900 bilhões em receitas em 2019, o equivalente à 18ª posição no ranking de PIB dos países.
- Alphabet: holding que administra todos os serviços do Google, que não é somente o mecanismo de pesquisa preferido, mas também a pioneira em navegação pela internet (Chrome), smartphones (Android) e streaming de vídeo (YouTube).
- Microsoft: fundada por Bill Gates e Paul Allen, desenvolveu o famoso Microsoft Office em 1989, além de investir em servidores e serviços de nuvem, notebooks, rede social (LinkedIn), anúncios em pesquisas e, claro, no sistema operacional Windows.
- Facebook: a rede social de maior sucesso do mundo (ou uma plataforma multibilionária), que domina o mercado das mídias sociais, comprou o Instagram (2012), o WhatsApp (2014) e do Óculos Go (2014 – sistema de realidade virtual).
- Amazon: gigante do comércio eletrônico no mundo, trabalha também com e-books, serviços de streaming, soluções de casa inteligente, fabricação de eletrônicos e estúdio de cinema e televisão.
- Apple: líder em inovação e fornecimento de produtos e serviços exclusivos, a Apple investe bastante em seu smartphone e, mas recentemente, em serviços (Apple Music, Apple TV+ e iCloud).
Perceba que o principal motor das big techs é a inovação. Elas definem tecnologias e serviços continuamente, atualizam dispositivos e produtos para atenderem às demandas e manterem sua relevância no mercado.
Mas qual o papel das big techs na sociedade atual?
Qual o papel das big techs na sociedade atual?
Em um primeiro momento, podemos ver nitidamente o papel das big techs na sociedade atual: facilitar nossa vida. A rotina que descrevemos na introdução é tão comum que sequer percebemos que dependemos diretamente delas.
A troca de mensagens pelas redes sociais facilita a comunicação entre pessoas, seja no âmbito pessoal ou profissional. Os serviços inteligentes de casa, como os dispositivos de comando por voz, trazem maior praticidade. Elas também se conectam diretamente ao nosso lazer, como Netflix, Amazon Prime, Apple Music e outros serviços.
No ambiente de trabalho, elas também aparecem com grande destaque. É o caso da Salesforce, que possui o CRM #1 do mundo e conta com outros produtos focados em marketing, atendimento ao cliente, inteligência artificial, criação de aplicativos e gestão de comunidades.
E as facilidades estão por todos os lados, inclusive no mercado financeiro.
Revolução no mercado financeiro
Recentemente, tivemos o lançamento do PIX, modalidade de pagamento instantâneo que o Banco Central lançou. As big techs também estão de olho no mercado bancário, especialmente diante de seu potencial comercial e da possibilidade de gerar disrupção.
O Facebook já lançou o WhatsApp Pay para facilitar as transações comerciais online por meio de blockchain. Já pensou em enviar e receber dinheiro dentro do próprio WhatsApp? O Brasil foi o primeiro país a receber a ferramenta, que possibilita inclusive pagamentos com cartões de crédito ou débito de alguns bancos, como Banco do Brasil.
Felizmente, serve também para o WhatsApp Business, facilitando a vida de pequenas empresas.
A Amazon lançou uma linha de crédito para pequenos empresários em parceria com o Goldman Sachs. A Apple tem o Apple Card, e o Google tem planos para sua própria conta corrente.
Impacto na geopolítica e monopólio de dados
Se por um lado as big techs vêm para facilitar nossa vida, por outro elas causam temores em um âmbito que pode ir além da nossa compreensão.
As grandes empresas de tecnologia controlam diversos nichos dos mercados digitais. Isso faz com que elas acumulem um enorme volume de dados gerados pelos usuários. Como consequência, esses dados facilitam o domínio dos mercados digitais por elas. É um ciclo, e o resultado é o comportamento anticompetitivo.
Você provavelmente viu recentes acusações nos Estados Unidos e na Europa sobre as práticas anticompetitivas de certas big techs. Afinal, elas controlam plataformas e operam marketplaces, onde estabelecem regras para se beneficiarem em detrimento de outros concorrentes.
De fato, esse monopólio de dados dos usuários dão a elas uma vantagem competitiva desleal. Afinal, tomam esse enorme big data para desenvolver seus próprios produtos e aprimorá-los.
Indo mais além, como pontuam diversos especialistas, as big techs utilizam esses dados também para impactar na geopolítica.
Eugênio Bucci, jornalista e professor titular da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), em entrevista ao Instituto Humanitas Unisinos, disse acreditar que as big techs têm um impacto econômico devastador. Elas tomaram para si a grande parte dos recursos do mercado publicitário, levando jornais e emissoras à falência.
No mesmo sentido, causaram um grande impacto político devido à dinâmica das redes sociais, com propagação de discursos de ódio, fake news e teorias conspiratórias. Em outras palavras, o uso de dados pelas big techs foi muito além da otimização de seus produtos e influenciaram na situação política de inúmeros países.
É o que demonstra o documentário Privacidade Hackeada, que trata das decisões do Brexit, das eleições de Trump em 2016 e da possibilidade de ocorrência do mesmo mecanismo nas eleições presidenciais brasileiras em 2018.
Esse cenário demonstra que, de fato, as facilidades proporcionadas não são “gratuitas”.
As big techs têm um papel relevante na sociedade atual, facilitando nossa rotina pessoal e profissional ao mesmo tempo em que influencia nosso comportamento. É fundamental que os usuários saibam sobre esses impactos e sua dimensão para que possam utilizar os serviços dessas gigantes com consciência.